O CAVALEIRO DAS TREVAS DE GROO: COMO TRANSFORMAR UM IMAGINÁRIO DE IDIOTIA EM SOCIOPOLÍTICA - PARTE 1

O CAVALEIRO DAS TREVAS DE GROO: COMO TRANSFORMAR UM IMAGINÁRIO DE IDIOTIA EM SOCIOPOLÍTICA - PARTE 1

por Ciro Inácio Marcondes

Quem me conhece sabe que sou um grande fã de Sergio Aragonés e Mark Evanier, e esta não é a primeira vez que resolvo dedicar algumas palavras às histórias de Groo. Considero que o trabalho dessa dupla de autores tem o faro certo para preservar os aspectos interessantes e até filosoficamente instigantes do gênero espada/feitiçaria, e ao mesmo tempo expor certo ridículo do pessimismo “barbárico” de Robert E. Howard, com toda aquela conceituação estranha de que a barbárie subsiste à civilização e é o “estado natural” do ser humano. Se o bárbaro é o ser humano “puro” (agh), ele deve se parecer mais com Groo do que com Conan, e é aí que a coisa fica interessante mesmo.

O título deste texto é um click bait safado mesmo, mas ele preserva o embrião de uma ideia que tive há muito tempo, ao ler a edição número 19 da publicação O Humor Inteligente de Groo, o Errante, da Abril (saiu por aqui em 1991. O original é de 1988). A história que abre essa edição se chama “A Aldeia de Malefá”, e é uma ótima amostra sobre como, desde os primórdios, Arogonés e Evanier sabiam que as paródias de Groo poderiam de fato render uma reflexão (“inteligente”) sobre os meandros da civilização e da barbárie, não exatamente no teor essencialista e fatalista de Howard, mas sim construindo parábolas que explicassem modelos de sociedade correspondentes à nossa, e não às civilizações que inspiraram a Era Hiboriana. (nada contra Howard, entretanto. Curto muito).

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Em defesa do gibi fasciculado e outras cositas más

Em defesa do gibi fasciculado e outras cositas más

por Marcos Maciel de Almeida

Colecionar quadrinhos é um hábito substancialmente diferente hoje que quando comecei, 35 anos atrás. Naquela época esse tipo de entretenimento era muito mais acessível por diversos fatores. E os principais dentre eles são, necessariamente, interdependentes: formato e preço. Os gibis de massa do início dos anos 80 – e aqui incluo desde linha infantil e infantojuvenil da Editora Abril, passando pelas edições eróticas e de terror de editoras como a RGE, Vecchi e Grafipar – eram produtos praticamente descartáveis, com papel jornal e dimensões reduzidas. O objetivo deste tipo de publicação era chegar ao máximo de pessoas. Altamente disseminados e com presença massiva nas bancas, as revistas em quadrinhos desse período tinham tiragens gigantescas e preços razoáveis, razões pelas quais havia grande rotatividade no número de leitores e intensa possibilidade de renovação dos mesmos, dadas as facilidades de acesso a este tipo de material.

Hoje o cenário é totalmente diverso. As tiragens são mínimas e, tirando as seções de quadrinhos das grandes livrarias, o local de excelência para a compra de gibis é a internet. Claro que os gibis vendidos em banca ainda representam parcela importante das vendas, mas cada vez mais o hábito de ir às bancas para comprar revistas é um costume em extinção. Quem acompanha esse mercado certamente já escutou a máxima “quanto maior a tiragem, menor o custo de impressão e – por consequência – o preço”. Seguindo essa lógica, o que assistimos nas últimas décadas foi a drástica redução no número de revistas impressas acompanhado do inexorável aumento dos preços. Isso fez com que, gradualmente, as revistas em geral – não apenas quadrinhos – fossem perdendo espaço nas bancas e se tornassem mercado de nicho. Não é difícil perceber que as bancas hoje estão ou desaparecendo ou se tornando pontos de venda de produtos acessórios como capinhas de celular e outros tipos de bugigangas. Sem ter onde encontrar seu gibizinho – sempre mais caro – vai ser difícil para a molecada se transformar em público consumidor, o que reduz tiragens e acarreta aumento dos preços, num círculo vicioso nada alvissareiro. Mas essa é outra história.

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LASERCAST #17 - Conan: quadrinhos bárbaros

LASERCAST #17 - Conan: quadrinhos bárbaros

A equipe Raio recebe Marco Antonio Collares, doutorando em Robert E. Howard pela UFRGS, para falar de CONAN, O BÁRBARO (CONÃ para os antigos), em várias de suas facetas: suas origens na literatura pulp, seu significado antropológico e sociológico, suas encarnações midiáticas, e principalmente as inúmeras versões em quadrinhos. Aqui são discutidas suas revistas, roteiristas, ilustradores e importância para a história das HQs.

Participam do debate: Ciro Inácio Marcondes, Márcio Jr. e o convidado Marco Antonio Collares (Fórum Conan, o Bárbaro).

Edição: Gustavo Trevisolli.

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

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LASERCAST #16 - Memento mori: a morte nos quadrinhos

LASERCAST #16 - Memento mori: a morte nos quadrinhos

No primeiro programa de 2021, a equipe Raio, munida de poetas e filósofos, se reúne para debater o tema da morte em suas várias manifestações nos quadrinhos: a morte personificada, personagens que estão mortos, a tragédia social da morte, a morte dos super-heróis, etc. São discutidos quadrinhos de Jim Starlin, Neil Gaiman, Mauricio de Sousa, André Franquin, Mateus Gandara, Will Eisner, Brian Bolland, Frank Miller, Peter Milligan, Mike Allred, André Diniz, Antonio Eder, Danilo Beyruth, entre outros. Dentre escritores e pensadores citados, temos Hélinand de Froidmont, Philip Roth, Michel Voyelle, Vilém Flusser, Manuel Bandeira, Jean Baudrillard e Michel de Montaigne.

Participam do debate: Bruno Porto, Ciro Inácio Marcondes, Márcio Jr., Marcos Maciel de Almeida e Lima Neto.

Edição: Eder Freire.

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

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Destino Adiado, de Gibrat: Antes do tempo

Destino Adiado, de Gibrat: Antes do tempo

por Lucas Reis

Desde o princípio, Destino Adiado (Jean-Pierre Gibrat) causa uma pulga atrás da orelha do leitor. Antes mesmo de abrir o gibi propriamente. Afinal, o título da obra é uma clara contradição. Ora, do destino é impossível fugir. É uma trilha na vida que funciona como uma linha férrea, em que mudanças na rota são impraticáveis. O ponto de início e de chegada já foram dados de antemão - o planejamento está traçado e não são permitidos desvios. Apenas para ficar na história mais conhecida e marcante sobre o tema, a tragédia grega O rei édipo: o protagonista tinha como destino matar o pai e casar com a mãe e nenhuma ação foi possível para alterar essa sina. A fuga é impossível qualquer que seja o destino.

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TOP 50 LEITURAS DA RAIO LASER EM 2020 - PARTE 2

TOP 50 LEITURAS DA RAIO LASER EM 2020 - PARTE 2

por Bruno Porto, Ciro Inácio Marcondes, Marcos Maciel de Almeida, Márcio Jr. e Pedro Brandt

Semana passada soltamos as resenhas para a primeira parte das nossas 50 melhores leituras do estrambótico ano de 2020 (considerando toda a equipe Raio e leituras publicadas em todos os tempos). Agora, terminamos a lista de quadrinhos mais charmosa da internet com os 25 derradeiros títulos. Tem lançamentos, quadrinho brasileiro, mangá, tebeo, BD, comics, indie, graphic novels – grande diversidade para provar que não ficamos ao léu e à toa no ano da pandemia (apesar de termos ficado!). (CIM)

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TOP 50 LEITURAS DA RAIO LASER EM 2020 - PARTE 1

TOP 50 LEITURAS DA RAIO LASER EM 2020 - PARTE 1

“Cadáveres de animais mortos por coronavírus na Dinamarca ressurgem na superfície”. Sim, você leu certo. Essa manchete foi publicada numa reportagem d'O Globo de 25/11/20. A referida notícia, relativa ao avistamento de doninhas zumbis, informada por um veículo de comunicação aparentemente sério, como o jornal carioca, dá um pouco da medida do que foi 2020, o ano que o incerto foi a única certeza. Mais que um tapa, a pandemia deu um murro tão forte na cara da humanidade que ela está sem rumo até agora. A expectativa de uma mudança de cenário ainda não é muito animadora, vide os relatos de possível mutação do vírus no Reino Unido e do nada improvável surgimento de novas doenças que podem se tornar obstáculos para o estilo de vida do – auto-proclamado – ser vivo mais inteligente do planeta.

Diante de perspectivas não tão alvissareiras, não é de se estranhar que o escapismo tenha se fortalecido em nossa sociedade. Seja por meio de livros, filmes, vídeo games e histórias em quadrinhos, as diversas formas de prazer individual gozaram de crescimento expressivo, conforme amplamente noticiado na imprensa. Não é para menos. Num mundo cada vez mais avesso ao contato pessoal, a tendência é que esse tipo de entretenimento auto-imersivo tenda a aumentar, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão. Todos esses fatores, aliados à necessidade/obrigatoriedade de isolamento pessoal fizeram com que a grande maioria de fãs desses tipos de lazer – como o pessoal da Raio Laser – encontrasse mais tempo para dar vazão ao seu hobbie favorito: ler um gibizinho, claro.

O que você tem a seguir são as melhores leituras – sem ordem de preferência - de 50 HQs lançadas em qualquer época – feitas pelo staff do nosso blog em 2020. Se é que é possível extrair qualidade da quantidade, diria que a lista abaixo é mais representativa que aquelas de anos anteriores, visto que o volume leitura de nossos integrantes foi consideravelmente maior. Isso também potencializa as chances de aparecem coisas bizarras. Aliás, se não fosse assim, não seria uma lista de melhores da Raio Laser. Mas não se preocupe. Num ano em que tivemos doninhas zumbis, o que vier é lucro.

Nesta postagem apresentamos os primeiros 25, e na próxima os 25 derradeiros.

A assinatura dos textos está indicada pelas iniciais dos autores ao final de cada resenha. (MMA)

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