As muitas camadas de Psicopompo: Entrevista com Octávio Aragão e Carlos Hollanda

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por Bruno Porto

A trama da graphic novel Psicopompo gira em torno da disputa entre dois grupos de crianças por um campinho de futebol em um morro carioca. Mas isto é apenas o que se vê no plano terreno desta HQ, cuidadosamente burilada durante seis anos pelo escritor Octavio Aragão e pelo ilustrador Carlos Hollanda. Sinalizando atributos de Fantasia, Terror e Esoterismo, o título da obra tem origem na palavra grega psychopompós - junção de psyché (alma) e pompós (guia) - usada para denominar o arquétipo que atua como condutor das almas entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Eu bati um papo com os autores durante o lançamento – virtual, realizado em meio à pandemia do COVID-19 – sobre o longo processo de desenvolvimento da HQ, seu enredo impregnado de analogias e simbolismos, e a peculiar estrutura visual da sua narrativa.

Lançado pela Editora Caligari, o álbum de 84 páginas tem apresentação do veterano artista gráfico Rui de Oliveira e prefácio do pesquisador de Quadrinhos Nobu Chinen, além de pin-ups de quadrinistas como André Diniz (Morro na Favela), Mariana Queiroz (Estella Vic: 1922 e o Manifesto Futurista) e Pacha Urbano (As Traumáticas Aventuras do Filho do Freud).

Octávio Aragão é designer, com passagens por jornais e editoras como coordenador e editor de arte, e autor de livros, contos, HQs e ensaios, principalmente na seara da Ficção Científica. Pós-Doutor e pesquisador convidado do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais (PACC/UFRJ), é professor da Escola de Comunicação da UFRJ, onde atua como um dos coordenadores da Semana Internacional de Quadrinhos - SIQ. Atua também como tradutor de quadrinhos (Promethea, Astro City, Apenas um Peregrino) e assinou o roteiro da graphic novel Para Tudo Se Acabar Na Quarta-Feira (Draco, 2012), ambientada no universo ficcional de Intempol, uma organização que fiscaliza o Contínuo Espaço-Temporal criada por Aragão e explorada em HQs de outros autores, como Osmarco Valladão e Manoel Magalhães.

Carlos Hollanda é ilustrador, astrólogo e professor universitário. É coordenador e professor da Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Candido Mendes (RJ), professor do IED-Rio - Instituto Europeu de Design e professor-colaborador do Departamento de Artes e Design e do Núcleo de Arte Digital e Animação da PUC Rio. Entre 2006-2016 editou a revista acadêmica História, Imagem e Narrativas, onde também publicou suas HQs. Sua tese de doutorado – O Reencantamento do Mundo em Quadrinhos - Uma Análise de Promethea, de Alan Moore e J. H. Williams III – foi vencedora do Troféu HQMix 2013.

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