MELHORES LEITURAS DE 2024, POR MARCÃO MACIEL

MELHORES LEITURAS DE 2024, POR MARCÃO MACIEL

Minha lista de melhores de 2024 pode surpreender quem me conhece e costuma acompanhar o que escrevo na Raio Laser. Isto porque seria esperada grande presença de quadrinhos chilenos e desta vez só tem dois. O escasso número de artigos meus no blog passa a impressão de que estou numa fase monotemática e isso não deixa de ser verdade, já que, ultimamente só faço falar dos gibis e da cena quadrinística da pátria de Neruda. Mas bem, aparências podem ser enganosas e a lista abaixo mostra que consegui manter um bem-vindo ecletismo geográfico. Tem gibi do Canadá, do Brasil, da Espanha e até mesmo de centros não tradicionalmente lembrados quando o assunto é a nona arte. Falo, claro, da HQ turca Diário Inquieto de Istambul, fruto da sofisticada curadoria da editora Comix Zone, que arrisca investir em autores praticamente desconhecidos do público brasileiro. Ausência sentida talvez sejam os bons e velhos gibis de super-heróis. Não que eu tenha desgostado do gênero. Não sou do tipo que cospe no prato em que comeu, mas simplesmente não li nada que realmente valesse a pena mencionar. Enfim, chega de papo e vamos aos escolhidos, como sempre sem nenhuma ordem de preferência e com o aviso de que as listas de melhores da Raio fazem referência às leituras feitas durante o ano, seja o gibi de 1938 ou de 2024.

por Marcão Maciel

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Pinochet: Duas Visões Quadrinísticas Sobre o Genocida

Pinochet: Duas Visões Quadrinísticas Sobre o Genocida

Em plena ebulição de projetos antidemocráticos no Brasil, Marcão Maciel (em boa hora) nos traz este artigo analisando dois quadrinhos que abordam o nefasto legado de Pinochet para a história do Chile.

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Sobrevoo na cena de HQs chilenas

Sobrevoo na cena de HQs chilenas

Recentemente transferido para Santiago por motivos de trabalho, não demorei muito para começar a procurar por quadrinhos chilenos. A esse respeito, posso dizer que já me senti bem-vindo logo na chegada. Afinal, a casa que alugamos para passar os primeiros dias tinha uma pequena coleção de Condorito, personagem marcante para a nona arte local e que já arrebata leitores novos e adultos desde 1949. Antes de continuar, é importante dizer que o colaborador da Raio Laser Gustavo Trevisolli já havia feito, em 2012, um panorama da HQ do país sul-americano. Minha intenção, portanto, será a de complementar o texto anterior, tentando informar como está a situação hoje. Você poderá ler o primeiro artigo aqui. De quebra ainda vou inserir, no final, pequenas resenhas com alguns gibis chilenos que me chamaram a atenção.

A primeira parte de minha busca por quadrinhos levou-me às bancas da capital, mas o resultado mostrou-se desapontador. Em primeiro lugar, este tipo de negócio mostra-se bastante decadente e as revistas parecem artigos em extinção. Percebi que gêneros alimentícios de segunda e brinquedos mixurucas gradualmente empurram publicações impressas para escanteio. Houve, inclusive, uma banca que estava mais para quitanda de frutas que para vendedora de revistas e jornais. É, pelo visto não é só no Brasil que as bancas estão diversificando as mercadorias oferecidas, numa clara desvantagem para o público leitor, grande perdedor do embate entre os fornecedores de produtos para quiosques e bancas. Nas de Santiago, quando aparece alguma coisa, é basicamente material estrangeiro traduzido para o espanhol, como super-heróis Marvel e Star Wars. Além disso dá para encontrar o incontornável Condorito e algumas edições de Hagar, o Horrível. Em suma, muito pouco.

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Paralelas - Vingadores e Liga da Justiça: Crise Secreta

Paralelas - Vingadores e Liga da Justiça: Crise Secreta

por Marcos Maciel de Almeida

A sessão Paralelas da Raio Laser surgiu com o objetivo de comparar gibis, possuidores ou não de alguma conexão. Os escolhidos da vez são duas minisséries. A primeira mostra o confronto da Liga da Justiça contra a Sociedade Secreta de Supervilões, publicada em JLA #195-197 (1981). A segunda é a famosa Saga de Korvac, também conhecida pelo nada atraente nome de Saga de Michael, lançada em Avengers #167-168 e 170-177 (1978). A ideia aqui é tentar entender o que rolava nas revistas dos principais supergrupos DC/Marvel no final da década de 1970, estabelecendo pontos de convergência e divergência. Detalhe que não pode ser negligenciado é o fato de que ambos os títulos eram desenhados por aquele que é considerado o papa dos gibis com superequipes, ninguém menos que George – me gustán camisas havaianas – Pérez.

O contexto da época, na Marvel, envolve a ascensão do garoto problema Jim Shooter ao posto de Editor-Chefe. Dotado de perfil executivo e não particularmente afeito ao desejo de agradar a maioria, o novo manda-chuva tinha postura crescentemente autoritária, que muito contribuiu para atrair para si a ira da maior parte do staff da editora.

Segundo Sean Howe, autor de Marvel Comics - A História Secreta, a fase de Shooter como escritor dos Vingadores servia como um manifesto do que deveria ser o gibi Marvel ideal: muito bate-papo e quadros de tamanho pequeno/médio que enfocariam nos uniformes coloridos, além de um ritmo frenético alternando entre aventura e humor.

Tendo assumido o título dos Vingadores no número 156, Shooter foi responsável por uma fase considerada interessante na história dos heróis mais poderosos da Terra. Foi no seu “run” que conhecemos o agente especial do governo Peter Gyrich (talvez um outro alter-ego de Shooter, dada sua propensão por controle e antipatia natural) e a noiva robótica de Ultron, Jocasta. Considera-se, entretanto, o ápice desse período a chamada Saga de Korvac. A história, que se arrasta por longos dez números, mostra os Vingadores, auxiliados pelos Guardiões da Galáxia, enfrentando Michael Korvac, um humano do futuro que se tornou um dos seres mais poderosos do universo após ser transformado pela tecnologia de Galactus. Eu tinha boas lembranças da série, desde quando a li pela primeira vez pela Editora Abril. Mas, como diria um amigo meu, às vezes a gente confunde memória afetiva com memória afetada. Revisitar o material depois de velho não foi bacana.

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Difusão do português através das Histórias em Quadrinhos brasileiras

Difusão do português através das Histórias em Quadrinhos brasileiras

por Marcos Maciel de Almeida

Assim, é natural que a produção brasileira venha recebendo maior atenção por parte de importantes editoras estrangeiras e dos responsáveis pelas principais premiações internacionais da área. Embora esse reconhecimento não seja algo recente, o fato é que nos últimos anos o quadrinho brasileiro tem obtido cada vez mais prestígio advindo da crítica especializada, a ponto de figurar, sem sentimento de inferioridade, ao lado de celebrados polos desse tipo de expressão artística, como a escola norte-americana, a franco-belga e a japonesa.

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Fahrenheit 451: distopia transmidiática

Fahrenheit 451: distopia transmidiática

por Marcos Maciel de Almeida

Fahrenheit 451 (233° C) é a temperatura em que o papel queima. Não é por acaso que o corpo de bombeiros da realidade criada por Ray Bradbury usa esse número no uniforme. No futuro distópico imaginado pelo autor, os bombeiros são chamados não para apagar incêndios, mas para incinerar livros. E Guy Montag, protagonista da história, é um soldado do fogo que começa a perceber que existe algo de errado não somente em sua vida pessoal, mas na sociedade como um todo. Esse é o mote por trás desse clássico livro da ficção científica soft, que foi recontado nos quadrinhos e no cinema, com maior ou menor maestria, como veremos adiante.

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