Miracleman: construção do mito em três atos

Miracleman: construção do mito em três atos

No dia 21 de março, o pessoal da Raio Laser fez algumas indicações de leitura para a quarentena. Eu sugeri as 16 edições de Miracleman feitas por Alan Moore no início dos anos 80. Bem, já que eu estava indicando, resolvi também passar pela experiência de maratonar o material, pois havia passado um tempo desde a última vez em que havia me debruçado sobre ele. Valeu a pena? Já adianto que sim. Tanto que resolvi escrever um texto mais completo sobre a importância dessa obra que, para mim, merece figurar lado a lado entre os grandes trabalhos do Bruxo de Northampton.

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Rapidinhas #15 - Quadrinhos Digitais

Rapidinhas #15 - Quadrinhos Digitais

Tá de quarentena, em casa, na medida do possível e do saudável? Ótimo, permaneça assim. Para você nem precisar sair para comprar gibi, a RAIO LASER faz um delivery de quatro resenhas curtas de Quadrinhos Digitais que você pode conferir do conforto e da segurança do seu lar. #FicaEmcasa #LeiaQuadrinhos (BP)

por Lima Neto, Bruno Porto, Márcio Jr. e Ciro I. Marcondes

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Brasília 60 anos – aparições de um imaginário em quadrinhos

Brasília 60 anos – aparições de um imaginário em quadrinhos

Há exatos 60 anos, em 21 de abril de 1960, Brasília era inaugurada como a nova capital do Brasil. Além do impacto no país, por razões óbvias, o acontecimento foi notícia na imprensa internacional, que relatou, com assombro e otimismo, a novíssima cidade brasileira. Filmagens, fotografias e outros registros da época ainda impressionam ao mostrar o que parece uma maquete de prédios de arquitetura modernista no meio do deserto – um deserto, aliás, de terra vermelha, que as fotos em preto e branco não conseguiam mostrar.

Muitas outras fotos, tanto da construção de Brasília quanto de seu cotidiano nos primeiros anos, revelam – ou ao menos insinuam – o vazio e a amplitude monumental da cidade – ainda em obras, muito tempo depois da inauguração. Se vistas hoje essas imagens impressionam, imagine o efeito há seis décadas. Especialmente naqueles tempos, Brasília causava estranhamento, fascínio e uma inegável associação com localidades antes apenas vistas ou imaginadas em obras de ficção. E, especificamente, de ficção científica. Esse imaginário sobre a cidade, muitas vezes fantasioso e focado principalmente nas edificações criadas por Oscar Niemeyer, não demorou para reverberar na cultura pop. E não seria diferente nas histórias em quadrinhos.

Ao longo de anos, fui juntando alguns quadrinhos com menções a Brasília, em especial aqueles que criaram algo a partir do imaginário futurista da cidade, mais do que retratá-la como mero cartão postal ou como a cidade onde moram e (aspas opcionais) trabalha parte dos políticos brasileiros. O que vem a seguir não se pretende como uma lista definitiva ou completa das aparições da capital do Brasil em histórias em quadrinhos. Optei por um recorte que passeia pelo inusitado e pitoresco, com algo de histórico e, acima de tudo, para encher os olhos, coisa bonita de ser ver. Como eu acho que Brasília é – e, gostaria de acreditar, os autores aqui relacionados também acharam quando produziram esses quadrinhos.

Este post é também uma homenagem às seis décadas da nova capital. Um aniversário sem festa durante a quarentena, mas que não poderia passar em branco na Raio Laser.

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O ORDINÁRIO FANTÁSTICO DE JEFF LEMIRE

O ORDINÁRIO FANTÁSTICO DE JEFF LEMIRE

Gideon Falls, Apanhadores de Sapos e O Ninguém não são obras-primas. Por outro lado, difícil imaginar alguém que não tenha uma leitura minimamente prazerosa com estas HQs – mesmo não sendo leitor assíduo de quadrinhos. Me parecem, inclusive, eficazes portas de entrada para um novo público. Pena que suas luxuosas edições, em capa dura e preço salgado, dificultem tal aproximação. (Não deixam de ser um bom presente.)

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SUPER-HERÓIS À FRANCESA: AS TRADUÇÕES VISUAIS DE JEAN FRISANO

SUPER-HERÓIS À FRANCESA: AS TRADUÇÕES VISUAIS DE JEAN FRISANO

Finalmente! A estreia do designer gráfico, professor e pesquisador de quadrinhos Bruno Porto na Raio Laser.

O Festival d'Angoulême homenageia um discreto quadrinista que consegue a façanha de ser tão admirado quanto desconhecido: falecido aos 60 anos, em 1987, Jean Frisano foi o responsável por apresentar aos franceses centenas de personagens estadunidenses de Aventura, Ficção Científica e Super-Herói, construindo uma ponte entre duas culturas.

por Bruno Porto

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REMARQUE, TARDI E SAM MENDES: TRÊS LEITURAS SOBRE UMA CATÁSTROFE

REMARQUE, TARDI E SAM MENDES: TRÊS LEITURAS SOBRE UMA CATÁSTROFE

Pouco antes de mergulharmos num sombrio terreno de incerteza e morte graças à pandemia vigente, eu trabalhava na ideia de costurar três pequenas críticas para narrativas sobre a Primeira Guerra Mundial. Minha intenção era, vejam só, levantar um conjunto de reflexões sobre a morbidez do período, que inclui também a Revolução Russa e a gripe espanhola. Aqueles anos entre 1914 e 1918 inauguraram um século (o 20) de uma maneira brutal como jamais se havia visto. Por exemplo, imagine que a França trouxe soldados da Indochina e do norte da África, na época suas colônias, não apenas para combater e morrer (foram mais de 50 mil), mas especialmente para fazer o trabalho que ninguém imagina. Afinal, quem cavava as fossas, as valas para cadáveres e as próprias trincheiras da guerra?

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Nausicaä: poesia, steampunk e holocausto no Vale do Vento

Nausicaä: poesia, steampunk e holocausto no Vale do Vento

Nausicaä, para além de uma aventura épica de guerra com fortemente carismático protagonismo feminino, é um tratado de panteísmo ecológico (ou seja: para além do humano), representado na consciência mística dos ohmus: besouros-leviatãs tóxicos que carregam a bandeira da destruição e também do equilíbrio natural, botânico e animal. Miyazaki apresenta estes temas com seu reconhecido tratamento poético: no respirar dos planos de um esporo que floresce, numa nuvem venenosa que sobe, no despertar de um colosso.

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