Contundente quadrinho de Singapura remete a Maus e Watchmen

Contundente quadrinho de Singapura remete a Maus e Watchmen

Uma coisa que sempre me impressionou no fundamental Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, foi a sua total plurivocalidade. O que quer dizer isso? Ora, isso vem do grande crítico russo Mikhail Bakhtin, na primeira metade do século 20, que anunciou que a literatura não se limita ao texto do romance, mas a todo o imaginário impregnado na cultura de seus autores, nas informações que trazem os leitores e nos diálogos entre as obras (e isso inclui a crítica).

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Voodoo Child, de Bill Sienkiewicz: a história de dois magos

Voodoo Child, de Bill Sienkiewicz: a história de dois magos

A música e os quadrinhos já estiveram entrelaçados durante vários momentos. Impossível ler, por exemplo, as várias minisséries do universo de Sin City, de Frank Miller, e não pensar em jazz ou rock n’ roll dos anos 50, quando a televisão era em preto e branco. Ou as histórias em quadrinhos do Homem Aranha da década de 70, onde todos usavam roupas coloridas e calças boca de sino, parecendo curtir sucessos de Led Zeppelin ou a disco music do Earth, Wind and Fire. Mas no fim dos anos 60 surgiu algo mais colorido, sonoro e incontrolável do que tudo isso: a música e a figura de Jimi Hendrix. E Hendrix virou uma graphic novel de 128 páginas, pintada por um nome único e conhecido por todo mundo que é fã de histórias em quadrinhos: Bill Sienkiewicz. Um verdadeiro manifesto artístico e um tributo amoroso desse artista ao maior guitarrista da história do rock.

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Fun Home, autoficção de Alison Bechdel, é uma obra-prima sobre sexualidade e morte

Fun Home, autoficção de Alison Bechdel, é uma obra-prima sobre sexualidade e morte

“O fim da mentira dele foi o início da minha verdade”. Esta frase, presente no romance gráfico Fun Home – Uma Tragicomédia em Família, da autora Alison Bechdel, pode resumir bem as intenções que circundam esse denso e cultuado quadrinho. Relançado em 2018 no Brasil pela editora Todavia, ele é um marco em certa intelectualização da mídia, e trouxe matizes mais contrastadas ao gênero da autobiografia. 

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Paralelas: Inuyashiki x Parasyte

Paralelas: Inuyashiki x Parasyte

A ideia desta nova seção é comparar obras que podem ter passado despercebidas pelo grande público. Especialmente porque – dado o atual cenário do mercado brasileiro de gibis, caracterizado por uma enxurrada de títulos nas bancas e livrarias – nem sempre é possível acompanhar tudo que está acontecendo, seja por falta de grana, tempo ou especialmente porque a revista em questão desapareceu sem deixar maiores vestígios. Os títulos escolhidos podem ou não ter pertinência temática. Serão de qualquer tipo, lugar ou época. O escriba Raio Laser da vez é quem definirá qual será a relação entre as obras.

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Conan, o bárbaro e o enigma do aço: sobre o filme de John Milius (1982)

Conan, o bárbaro e o enigma do aço: sobre o filme de John Milius (1982)

Observando atentamente, é evidente que o filme exaltou a belicosidade do bárbaro Conan de Howard, tão bem esboçada nos textos literários pulps dos anos 1930, ainda que muito da personalidade complexa do personagem (situada entre momentos de alegria, exaltação e melancolia) tenha se tornado bidimensional e simplificada na produção de 1982, em torno de uma vingança pessoal contra aqueles que mataram os cimérios, seu povo e seus familiares.

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Como A Queda de Murdock redimiu a (já finada) série do Demolidor

Como A Queda de Murdock redimiu a (já finada) série do Demolidor

Quando o artista e roteirista Frank Miller se reuniu ao sofisticado ilustrador David Mazzucchelli em 1986 para reassumir, por sete breves edições, as histórias do Demolidor nos quadrinhos da Marvel, ele era o nome mais quente dos quadrinhos de super-heróis. Também pudera: havia acabado de publicar, na DC, o Cavaleiro das Trevas, perspectiva distópica e violenta sobre o Batman, que redefiniria a própria mídia das HQs para sempre.

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DRUUNA: PRAZERES ROUBADOS

DRUUNA: PRAZERES ROUBADOS

Cada quadro de Drunna explode em imagens de realismo exuberante. Seu domínio do claro-escuro por meio de inconfundíveis tramas de hachuras é algo único – como evidencia o rico e indispensável caderno de extras. E a destreza no uso da aquarela, bem como a primorosa escolha da paleta de cores – sempre em função da atmosfera narrativa – deveriam ser suficientes para proibir o vulgar uso de Photoshop na colorização de quadrinhos. As páginas de Serpieri são puro deleite visual – que finalmente ganham edição à altura no Brasil.

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