RAIO LASER

A produção raíúca está orgulhosamente marcando presença na 34ª edição do Troféu HQMIX, uma das mais tradicionais premiações dos quadrinhos brasileiros, que é decidida através dos votos da comunidade quadrinística nacional. Este ano, emplacamos cinco trabalhos finalistas em quatro das 27 categorias:

LIVRO TEÓRICO

O livro ZIP! Quadrinhos & Cultura Pop (2021, Metrópoles), de Ciro Inácio Marcondes, reúne 70 textos escritos entre 2017 e 2019 — revisados e ricamente ilustrados — para a coluna semanal homônima do portal Metrópoles, abordando quadrinhos, cinema, animação e games. O mais delicioso livro de crítica de quadrinhos no mercado brasileiro! Compre aqui.

PRODUÇÃO PARA OUTRAS LINGUAGENS

O finalista raiúca da categoria dedicada a adaptações de HQs em outras mídias é o curta-metragem em animação O Retrato do Mal (2021, MMarte), realizado por Márcia Deretti e Márcio Júnior tendo como base a mais famosa HQ do quadrinista luso-brasileiro Jayme Cortez, publicada originalmente na década de 1960 e revisada em 1974. Um curta assombroso na técnica e na história, grande feito da animação brasileira. Assista aqui.

PUBLICAÇÕES MIX

Este ano a categoria traz dois trabalhos co-editadas pela Dandara Palankof, as revistas Plaf e Ragu. Extremamente sofisticado e diverso, o quinto número da Plaf (2021, O Grito), editado por Palankof, Paulo Floro e Carol Almeida, traz uma reportagem sobre a produção e os mercados de quadrinhos na América Latina, um ensaio sobre o apagamento histórico de quadrinistas negros, uma entrevista com a equatoriana-colombiana Powerpaola e um perfil da veterana letreirista Lilian Mitsunaga. Além de quadrinhos inéditos criados especialmente para esta edição, a revista resgata também a passagem de Will Eisner pelo Recife durante o Festival Internacional de Humor e Quadrinhos e o processo artístico de O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos, HQ finalista do Prêmio Jabuti 2020. Já a antologia Ragu #8 (2021, Companhia Editora de Pernambuco), co-editada por Palankof, Paulo Floro, Diogo Guedes, Mascaro e João Lin, conta com mais de 40 colaboradores como Laerte, Rafael Sica, Amanda Miranda, Cau Gomez, Nuno Sousa, Eloar Guazelli e Rafael Coutinho.

EVENTOS

Pelo segundo ano consecutivo, o seminário online HQweek! é finalista do HQMix nesta categoria que contempla festivais, exposições e feiras de quadrinhos. Uma co-realização da Raio Laser com o Laboratório de Mídia Digital da Universidade Federal de Juiz de Fora, o HQWeek! 2021 aconteceu entre 26 e 30 de julho com apresentação de trabalhos acadêmicos, palestras, lançamentos de publicações, oficinas e torneios de games. O ciclo de mesas redondas coordenado pela Raio Laser teve Lima Neto, Bruno Porto, Thiago Carneiro e Ciro Inácio Marcondes mediando debates sobre diferentes aspectos de inclusão nas HQs com quadrinistas, pesquisadores e editores como Alexandra Presser, Alexandre Kieling, Alice Pereira, André Ramos, Felipe Muanis, João Pinheiro, José Aguiar, Lalo, Mário César, Nobu Chinen, Sidney Gusman e Sirlene Barbosa. Assista aqui.

A Raio Laser parabeniza os demais finalistas do HQMIX 2022 e antecipadamente agradece àqueles que votarem na gente!

por Ciro Inácio Marcondes

O ragu é um molho feito com a redução extrema do tomate, e vai muito bem com a deglaçagem, com vinho tinto, da carne de porco na panela. Sabores fortes, amigo. Uma delícia dos paladares mais brutos que acompanha muito bem massas diversas. E esse Ragu é justamente o nome da já clássica publicação pernambucana que teve seus primeiros números no início dos anos 2000, e não saía desde 2009, quando foi publicado o número sete.

Pois a Ragu está de casa nova, e um novo número foi lançado em julho de 2021 pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), sob quíntupla editoria: Diogo Guedes (Cepe), os artistas João Lin e Christiano Mascaro, a tradutora e editora Dandara Palankof (também da Raio Laser) e o jornalista Paulo Floro (revistas O Grito e Plaf). O resultado é um livraço em Off-set cuidadosamente pensado para dar cabo das ansiedades estéticas, políticas e discursivas de pelo menos umas três gerações de artistas que se encontram aqui, na tábula rasa da experimentação.

Mas será mesmo uma tábula rasa? É certo que boa parte dos 41 artistas dispostos na longa e democrática perfilação da revista (com devida diversidade de gênero, raça, etc.) se dedicam a uma proposta outra do visível, esmigalhando disposições tradicionais de quadrinhos em estilhaços de linguagem, granadas conceituais, deformando tempo, espaço, narrativa, tudo. A capa e quarta capa, por exemplo, do artista alemão Henning Wagenbreth, funcionam como panópticos construtivistas com imagens sugestivas, sem ordem definida, numa livre associação de formas, palavras, gestos e ideias. Margeia o design, margeia um tipo de anti-publicidade, uma conflação do pop com a abstração.