MELHORES QUADRINHOS LIDOS EM 2017 - PARTE 3

Abro os olhos. Vejo as gordas gotas de suor e sangue se multiplicando vagarosamente no chão. Meu corpo lateja como um coro barítono que vibra por meus ossos lacerados. Levanto a cabeça e posso ver o corpo estendido daquele que seria o ano de 2017 me encarando com o olhar já vazio da morte. Ao que tudo indica, sobrevivi à experiência traumática do décimo sétimo ano do século XXI. Velho sortudo… Atrás de mim, 2018 levanta sua cabeça horrenda…

Peço desculpas ao exigente leitor da Raio Laser por emular tão tristemente os cacoetes estilísticos do caríssimo Frank Miller (se bem que mesmo ele podia se desculpar por fazer a mesma coisa nos dias de hoje), mas abuso da dramaticidade para de alguma forma me justificar por trazer para vocês uma lista tão magra de leituras. Mas foi um ano difícil. E espero que esta lista traga um pouco de reflexão, diversão e entretenimento para vocês como trouxe para mim. Vale lembrar que esta não é uma lista dos melhores quadrinhos publicados no ano, mas sim de boas leituras que foram realizadas em 2017 (inclusive lançamentos). (LN)

Parte 1

Parte 2

por Lima Neto

1 – Mensur – Rafael Coutinho (Cia. das Letras, 2017): Começamos pelo título que abrilhanta 90% das listas de melhores HQ´s do ano de 2017. Não sem razão. Muito já foi dito sobre a volumosa novela gráfica de Rafael Coutinho. Inclusive aqui mesmo na Raio. Mas aproveito este espaço para falar um pouco sobre a minha leitura da obra. Em julho último publicamos no site um ensaio meu sobre a tolice intrínseca e necessária aos quadrinhos de super-heróis, sem a qual não haveria diferença entre os mascarados e os criminosos que caçam. Caso se interesse, você pode ler aqui. O que não está dito no texto é que a leitura que vai inspirar a reflexão sobre o assunto – identidade, rostidade, responsabilidade (e o inverso de tudo isso) – é a narrativa do mensuren Gringo e seu autoproclamado exílio da própria vida. Mensur, como toda obra desse calibre, forma um emaranhado de possibilidades interpretativas e caminhos para o pensar. 

Mas vai ser exatamente o caminho mais direto, o da identidade, que vai me acompanhar a leitura inteira. Desde a bela capa, que evita encarar o leitor e parece ao mesmo tempo ler seu título ou admirar as cicatrizes de seu rosto, passando pelas negras capas internas riscadas em branco - como se fossem lembranças subconscientes de que as linhas que vão dar forma ao conteúdo do livro apenas são o que são graças aos caprichos da percepção -, Mensur é uma narrativa sobre o risco. Sobre a linha e seu papel de definir limites e de avançar, ou não, sobre estes mesmos limites. Não como uma bravata, embora haja bravatas, mas como um risco que se assume e cuja forma resultante define o que se é. Gringo é um personagem ciente de que não há riscos mais eficazes e verdadeiros que aqueles que realiza e recebe em seu secreto esporte. Riscos que definem quem ele é, ou melhor, que rabiscam sobre sua identidade social e construída, uma garatuja de não-identidade que é mais real do que qualquer outra linha  mundana que dá forma aos seres sociais. Abrir mão do rosto, como traço identificador mais do que elemento estético, é a ação antissocial última. É “rasgar a identidade”, como dizem os seres de rosto tatuado para além de qualquer moda que transitam pelas grandes cidades. Insatisfeitos com qualquer identidade que a sociedade possa oferecer. Mas esta entrega ao não-ser não é de maneira alguma redentora, e nem mesmo heroica, é uma apenas uma vivência marcada pelo patético de uma obsessão. 

2 – Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis vol. 1 e 2 – Mike W. Barr e Alan Davis (Panini, 2014/2015): Falando em quadrinhos de super-heróis, uma das leituras mais agradáveis do início de 2017 foi a coleção dedicada à breve fase do desenhista inglês Alan Davis como artista de Batman sob a batuta do escritor Mike W. Barr. Esta fase tem como tarefa dar continuidade à origem do personagem escrita por Frank Miller em Batman Ano 1, e o experiente Barr vai misturar sua verve mais madura (que junto com Brian Bolland foi responsável pela pérola Camelot 3000) com uma interpretação mais colorida e fantástica do homem-morcego. Essa mistura agridoce se inicia com a sequência de título aproveitador Batman Ano 2, que vai ter a arte do ainda desconhecido Todd McFarlane nas primeiras edições, mas termina com o lápis de Davis. A partir daí, o britânico continua no título, agregando a mistura de seriedade e fantasia um visual icônico e o Batman mais elegante da editora. Nas páginas das duas edições, vemos um desfile dos vilões mais clássicos do personagem, reapresentados para a geração pós-crise. Barr e Davis conseguem com sucesso representar os vilões com a dose correta de delírio fantástico e ainda assim parecerem perigosos para suas vítimas. Essa fase ainda conta com a parceria de Robin, tendo um jovem e irresponsável Jason Todd por trás da máscara. Boa parte desse sucesso está o colorido vivo alucinógeno de Adrienne Roy e a competente arte final do parceiro de Davis, Paul Neary. Além da galeria de vilões, vale a pena destacar um empolgante encontro do maior detetive da DC com o maior detetive do mundo – Sherlock Holmes. O encontro aconteceu na edição de 50 anos da revista Detective Comics e contava ainda com a participação do detetive casca-grossa Slam Bradley e o herói investigador de faro para o mistério, Homem-Elástico. O encontro ainda contou com a arte de Dick Giordano, Carmine Infantino, Terry Beatty e Eufranio Reyes Cruz. Outra surpresa bem-vinda na edição foi a adição do especial Circulo Completo, publicado anos depois desta fase e que mostrava a volta do vilão ceifador, personagem de Batman Ano 2 que inspirou o longa-metragem de animação Batman – Máscara do Fantasma. E ainda a colaboração de Davis e Barr na historieta “Saideira no McSurleys”, um conto em preto e branco publicado em março de 2002. 

3 – A História do Petróleo em Quadrinhos – Tales Pereira (Jaguatirica, 2016): O quadrinho nacional vive hoje um momento de intensa produção. Não há como negar. Seja nas prateleiras das livrarias ou nas bancas das feiras independentes, somos cobertos por uma enxurrada de lançamentos dos mais diversos gêneros e qualidades. Este volume de produção nem sempre é correspondido com um poder de compra que garanta o escoamento do que é produzido, e, nesse impasse, muitos quadrinhos podem passar completamente despercebidos pelos radares. Uma dessas HQs se chama A História do Petróleo em Quadrinhos, de Tales Pereira. Uma das teclas mais pressionadas entre os pesquisadores de diversos campos que têm HQ seu objeto de pesquisa é a do potencial didático dos gibis. E esse livro, lançado pela editora Jaguatirica do Rio de Janeiro e bancado por uma campanha bem sucedida no Catarse, expõe de maneira explícita esse potencial. O quadrinho, como o título entrega, é um sobrevoo pela história desta matéria-prima que até hoje demarca uma cicatriz negra na história e nas relações entre ocidente e oriente. Tales, que já trabalhou como engenheiro petroquímico para a Petrobrás, usa um traço simples e cartunesco para discorrer todo seu conhecimento sobre o “ouro preto” em uma narrativa simples, didática, mas assombrosa em seu conteúdo. Com muito despojamento, A História do Petróleo em Quadrinhos expõe os derradeiros mecanismos que movem a sociedade capitalista do ocidente, iluminando relações aparentemente não  correlatas entre ciência, tecnologia e geopolítica. Seu estilo de desenho, embora esquemático, não deixa de ser expressivo e consistente, e o resultado final é uma aula cujo extenso conteúdo pode ser assimilado de maneira muito eficiente. A simplicidade deste gibi é enganadora e esconde uma leitura que deveria ser obrigatória e capaz de mudar a forma de ver o mundo. Algo que raramente é capaz de se dizer sobre uma obra. 

4 – Monstro do Pântano Regênese Vol. 3 – Rick Veitch e vários (Panini, 2017): Rick Veitch segurou uma das maiores batatas quentes do  quadrinho norte americano quando topou dar sequência à fase do escritor Alan Moore no título Swamp Thing. Amigo pessoal de longa data do escritor inglês, Veitch escreveu um dos mais psicodélicos capítulos do personagem no espaço, ainda na fase de Moore. Sua experiência como escritor não era pouca, mas seguir os passos do amigo era um desafio que ele  conseguiu ultrapassar com elegância e uma boa dose de polêmica. Em histórias xamânicas, o personagem do lodo encontrou outras versões de si mesmo de eras passadas, presenciou o consumismo simbolizado pelos carros e autoestradas, entrou no corpo de John Constantine para poder consumar seu amor por sua mulher na forma de uma inseminação (que se tornará sua filha Teffé Holland) e tatuar uma de suas nádegas. Veitch tinha muita familiaridade com o conteúdo das histórias anteriores e isso deu a ele bastante segurança para seguir. Mas vai ser no volume 3 que veremos algumas de suas melhores histórias. A primeira, "Esperando Deus", vai colocar o elemental contra nada menos que o próprio Super-Homem ao tentar buscar justiça pelo sofrimento causado por Lex Luthor quando este destruiu sua ligação com o verde da terra, ainda na fase de Moore. A edição vai mostrar um Monstro do Pântano que se esgueira de todas as formas para consumar sua vingança, sempre sendo frustrado por um Super-Homem que o impede quase sem notar a presença do elemental, realizando apenas algumas ações das muitas que performa todos os dias na função de deus guardião da humanidade. A história vai buscar na relação entre Papa-Léguas e Coyote uma maneira divertida e pungente de homenagear o primeiro super-herói da editora prestes a completar 50 anos.

Em "O Mais Longo dos Dias", encontramos os quatro avatares do verde que, em edições anteriores, partiram para o espaço de forma a agregar à sua coletividade a experiência única que o Monstro do Pântano passou. Cada um deles, seres tão interessantes quanto próprio Alec Holland, se tornam cientes de que seu planeta natal está para ser alvo de um ataque brutal. Ainda não havia selo Vertigo, e a revista Swamp Thing estava para participar do evento "Invasão", que acontecia em todos os títulos da editora. As descrições fantásticas que cada ser dá sobre o ambiente em que agora habitam se somam à paranoia crescente que prepara terreno para a edição seguinte e, em "Enlutada", o clímax se apresenta na forma da cônjuge de um ser alienígena que foi derrotado pelo Monstro do Pântano ainda na fase original de Len Wein e Bernie Whrightson. A narrativa que se segue é tocante e uma interpretação de pensamento alienígena das mais interessantes nos quadrinhos. Como resultado, o Monstro do Pântano é novamente desligado de sua relação com o verde, e vai transitar pelo tempo reencarnando em pontos-chave da história do universo DC. Fase esta que resultou na saída de Veitch do título ao ver a história em que o Holland reencarnaria na madeira da cruz de Cristo. O escritor foi cortado em um crescendo fenomenal, e esta série de encadernadas não terá continuação tão cedo no Brasil, pois mesmo nos EUA esta fase final é proibida de ser republicada. 

5 – The Big Book of Grimm – Jonathan Vankin e vários (1999, Piranha Press): Mais um ano termina, mais uma lista e mais um livro da série Factoid Books, da Piranha Press. Em 2015 a minha lista trazia o Big Book of Death, e agora o “Grande Livro dos Grimm” chega em 2017 botando gibis como Fábulas para correr com o “real deal” dos contos de fada. Como os outros livros da série, este big book é um apanhado das melhores fábulas dos irmãos Grimm, adaptadas por Jonathan Vankin e desenhadas por um exército de quadrinistas de impressionar. George Freeman desenha Cinderella; o conto macabro de Branca de Neve se torna mais grotesco no traço de Charles Vess; Hunt Emerson ilustra o conto Clever Hans. A lista é enorme: Rick Geary, D’Israeli, Sérgio Aragonés, James Kochalka, Rick Burchett, Dame Darcy, Seth Fisher, Mashall Rogers, Steve Leialoha. A quantidade de histórias dá um panorama bem completo das verdadeiras fábulas sempre com uma arte de qualidade em preto e branco. Ainda me impressiona que estes livros não encontram publicação no Brasil. 

CCXP 2016: Medo e delírio em SP

por Marcos Maciel de Almeida

Após 2 edições finalmente consegui dar um pulo na Meca da diversão e do entretenimento nerd nacional. Meu objetivo era saciar a curiosidade e saber se o evento era tudo isso mesmo. Posso dizer que o resultado, no geral, foi bastante positivo.

Nos corredores da CCXP 2016

Já sabia - e pude confirmar - que, em convenções deste porte, é imprescindível focar nas atividades que realmente interessam, já que há enormes chances de ficar hipnotizado por atrações secundárias. E, quando isso acontece, a frustração pode bater forte, ao se perceber que o que realmente se queria fazer ficou para um depois que jamais chegará. Tendo isso em mente, saí à caça do que me importava: comprar revistas atrasadas da série Mágico Vento, da editora italiana Bonelli, publicada no Brasil pela Mythos. A empreitada foi um sucesso, talvez até grande demais. Eu, que só tinha cerca de 30 números deste fumetti, encontrei mais de 80 revistas que não possuía dando sopa por lá. Chegou um ponto em que estava torcendo para não encontrar mais nada, para que o bolso parasse de reclamar.

Mundo CCXP

Com a sensação de ter cumprido a primeira "obrigação", resolvi partir para a fase dois: obter autógrafos de meus quadrinistas favoritos. Autógrafos? Sim, autógrafos. Ainda fiquei pensando se valeria a pena perder tempo com isso, já que, na prática, um autógrafo não é muito mais que uma assinatura num pedaço de papel. Mas basta chegar perto da data do evento que meu espírito de fanboy renasce freneticamente. Com a experiência adquirida do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) 2015, resolvi levar apenas edições finas, para não abarrotar ainda mais minha mochila.

Alan Davis, Simon Bisley, Bill Sienkiewicz e Jae Lee, here I go.

Todos foram bastante simpáticos, com exceção do primeiro, que se recusava a tirar fotos e autografar caso não houvesse contrapartida$. O encontro com Jae Lee também fugiu à normalidade. Foi muito esquisito esbarrar com um de meus maiores ídolos, um cara que – para mim – não deve nada para qualquer dos medalhões modernos dos quadrinhos, ali sozinho, sem filas nem nada. Fiquei tão atônito que não consegui articular uma conversa que fizesse um mínimo de sentido. Ele foi tão gente boa e simples que foi difícil acreditar que era ele mesmo. Era por demais humano. Era por demais terreno. Foi triste constatar que o público da convenção dava mais bola para o trailer das novas atrações de Hollywood e para o Trono de Ferro de Game of Thrones (nada contra, ok?) que para o desenhista bochechudo de ascendência sul-coreana.

Jae Lee e fã babão

Uma coisa que me chama a atenção neste tipo de encontro é que, por mais que tente, não consigo ficar bem informado sobre quem é quem nos quadrinhos atuais. Devido à própria natureza, a nona arte é, antes de tudo, individual e pessoal. Graças ao relativo baixo custo de produção e consequente grande poder de difusão desta mídia, é praticamente impossível prestar atenção em tudo que está saindo e saber quem são as novas estrelas ascendentes. Mesmo assim, não canso de me surpreender com a grande quantidade de criadores famosos– para os outros, mas não para mim ainda - presentes no evento.

Com as fotos devidamente registradas e os gibis autografados, parti para os painéis. Teve muita coisa boa no último dia: aula de desenho com Alan Davis, revisão da trajetória do Peter Kuper, debate sobre etnia nos quadrinhos. Em resumo, deu para fazer de tudo um pouco e ir embora com a sensação de dever cumprido. Quer dizer, tudo um pouco não. Havia áreas "proibidas", como a região dos cinemas, em que os fãs se digladiavam para tentar ver um pouquinho de atores (?) como Vin Diesel, e um carinha ou outro da série Harry Potter. Estes territórios, inexpugnáveis, eram o habitat natural do fã primordial deste tipo de convenção, o nerd de ocasião. Conversando com várias pessoas que pretendiam ir à CCXP, percebi que muitos nem sabiam o que queriam ver. O importante era estar lá para ver, ser visto e, claro, angariar uns "likes" no facebook.

Debate

Masterclass com Alan Davis

Não chegarei ao extremo de fazer coro com o mestre Alan Moore que, recentemente, afirmou que gostava dos quadrinhos quando ninguém gostava deles, mas parece-me claro que a existência da Legião dos Fãs de Última Hora não pode ser ignorada. Este fato não é necessariamente ruim, visto que, na essência, o que ainda movimenta a indústria nerd é o rico dinheirinho dos aficionados, sejam eles hardcore ou novatos. Mas faz sentido gastar uma dinheirama numa estátua do Sandman se você nunca leu um gibi dele? Meu ponto é que essas comiccons da vida surgiram a partir de encontros de fãs de HQ, arte que nem sempre recebe o devido carinho neste tipo de evento (alô San Diego ComicCon!).

Bonecos e estátuas fizeram a "alegria" dos fãs

Diante da quantidade de pessoas numa convenção desta magnitude, fator que dificulta a realização de atividades tão banais quanto caminhar, sou forçado a fazer a seguinte pergunta: quem tem mais direito a frequentar este tipo de convenção: os fãs de verdade que formaram o substrato sob o qual foi erguida essa Disneylândia gibizística ou os recém convertidos que gastam somas estratosféricas em camisetas, bonecos, filmes e assemelhados? Em outras palavras, quem merece o tapete vermelho? Os fãs "roots" que estavam lá antes do "Faça-se a luz!" ou a massa endinheirada ávida por lotar o evento? Seja qual for a resposta, somente aqueles com maior disposição para enfrentar a maratona sobreviverão. O vilão Apocalipse dos X-men pode começar a sua seleção dos mais fortes ao final do quarto dia de CCXP.

Boiada, multidão zumbi, autômatos. Chame do quiser, mas os deslocamentos do público até a chegada ao portão da convenção me lembraram muito o manejo de seres descerebrados. Abre uma cancela aqui, afasta uma grade acolá. E assim a massa vai sendo tocada. Condicionados para chegar à convenção ao raiar do dia e marchar incansavelmente até a próxima atração não é comportamento diferente daquele das coletividades acima mencionadas. Aliás, que tal fazer um filme zumbi numa comiccon da vida, hein? Alô George Romero!

Admirável gado novo

Ano passado, meu amigo e guru quadrinístico Lima Neto escreveu uma resenha intitulada

Três dias em Hicksville: cobertura do FIQ!

 Ali ele estabeleceu um vínculo entre os frequentadores do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), realizado bienalmente em Belo Horizonte, com os habitantes da cidade fictícia de Hicksville, na qual todas as pessoas possuem – em maior ou menor medida – vínculos pessoais ou profissionais com os quadrinhos. Como já deve ter ficado evidente até aqui, este não é o caso da CCXP. Nesta convenção, os últimos habitantes de Hicksville lutam pela sobrevivência, encarando a barra de enfrentar um apocalipse zumbi. Tentando encontrar refúgio nas lojas que ainda vendem quadrinhos, verdadeiras fortalezas/santuários que os protegem da loucura que assola os corredores, eles buscam explicações racionais para uma realidade na qual imperam instinto e consumismo sem controle.

Fã descerebrado e Bill Sienkiewicz