FESTIVAL DE ANGOULÊME 2024: COBERTURA RAIO LASER + EUROCOMICS!

O site Raio Laser e o canal Eurocomics voltam à França para cobrir, mais uma vez, o Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, cuja 51ª edição acontece entre 25 e 28 de fevereiro deste ano.

Um dos três maiores festivais de quadrinhos do mundo, o Festival de Angoulême espalha-se por esta bela cidade de 40 mil habitantes em seis grandes pavilhões, dezenas de exposições, palestras & mesas redondas, sessões de autógrafos, masterclasses, análises de portfólio e feira de negócios, reunindo centenas de integrantes da cadeia produtiva de quadrinhos do mundo inteiro.

A cerimônia de abertura acontece na noite da quarta-feira 24, quando é revelado quem ganhou o Grand Prix 2024, e que terá sua obra homenageada com uma exposição na edição de 2025. Há dez anos o prêmio é definido através das indicações e votos de um amplo colegiado de profissionais do segmento, que este ano elegeram como finalistas a francesa Catherine Meurisse, o estadunidense Daniel Clowes e a britânica Posy Simmonds.

O retrofuturístico prédio do Vaisseau Moebius recebe duas das mostras mais aguardadas. A primeira, "L’arabe du Futur, Oeuvre-Monde", apresenta o universo do ganhador do Grand Prix 2023, Riad Sattouf, através da sua HQ mais bem sucedida — a série em seis volumes O Árabe do Futuro, publicada no Brasil pela Intrínseca — que narra sua infância e adolescência multicultural entre a Europa e o Oriente Médio. O artista já levara duas vezes o Fauve d’or, o prêmio máximo do festival para um álbum de quadrinhos, com o primeiro volume da série, em 2015, e com o terceiro de Pascal Brutal, em 2010. Em 2004, ele já recebera o Prémio René Goscinny de Melhor Escritor de Quadrinhos pelo roteiro do primeiro volume de Les Pauvres Aventures de Jérémy, que também ilustrara.

A segunda exposição é “Le scénario est un bricolage”, dedicada justamente ao vencedor do Prémio Goscinny 2023, o belga Thierry Smolderen, pelo roteiro de Cauchemars ex machina, que tem arte do argentino radicado na Espanha Jorge González. Smolderen, que também é pesquisador e professor de quadrinhos, é autor de uma diversa obra com outros desenhistas como Dominique Bertail (Ghost Money), Enrico Marini (Gipsy), Philippe Gauckler (Convoi), Philippe Marcelé (Colère Noire), Egger (Nombre) e Laurent Bourlard (Retour a Zero), entre outros. Sua parceria com o francês Alexandre Clérisse em álbuns como L'Été Diabolik, Une année sans Cthulhu, Souvenirs de l'empire de l'atome já havia ganho uma exposição no Festival de Angoulême 2020, conforme o registro feito pelo raiúca Bruno Porto para o Eurocomics.

O Festival também apresenta exposições dedicadas aos trabalhos da veterana mangaka Moto Hagio, da francesa Nine Antico e do italiano Lorenzo Mattotti, entre outros quadrinistas. A programação inclui ainda masterclasses e palestras destes nomes e os de quadrinistas como Arthur De Pins, Sole Otero, Fabien Toulmé, Bea Lema, Christophe Blain, Juanjo Guarnido & Juan Diaz Canales, Keko, Antonio Altarriba, Edmond Baudoin, Sergio Garcia Sànchez, Lola Moral e Jordi Lafebre.

Com a presença de sessenta quadrinistas canadenses, o Canadá é o país homenageado nesta edição do Festival, ganhando um pavilhão próprio com diversas atividades como sessões de autógrafos e de desenho ao vivo, e apresentações das editoras Drawn & Quarterly, Conundrum Press, At Bay Press, Moëlle Graphik, Front Froid / Nouvelle Adresse, Group of 7 Comics e Editions Michel Quintin. Haverá ainda uma exposição de quadrinhos canadenses no Hôtel de Ville, sede do Festival, selecionados por Thomas-Louis Côté , diretor do festival Quebéc BD desde 2005. Em espaços dedicado aos negócios, como o Marché International des Droits, acontecem apresentações de delegações do Chile, Coreia, Filipinas, Finlândia e Taiwan, bem como da empresa de tradução de quadrinhos Makma e da plataforma de quadrinhos digitais Webtoon.

O Brasil marca presença em grande estilo com a mesa redonda Histoires D'un Brésil Diversifié reunindo três expoentes do Quadrinho BR contemporâneo — Gabriela Güllich, Marília Marz e Marcelo D'Salete — para conversar sobre a nova cena brasileira dos quadrinhos, mediados pela raiúca Dandara Palankof.

Esse encontro é uma atividade do Programa Brasil em Quadrinhos, parceria do Instituto Guimarães Rosa com a Bienal de Quadrinhos de Curitiba, que na edição passada realizou ação semelhante com os quadrinistas André Diniz, Lelis e Marcello Quintanilha, o editor Rogério de Campos, Luciana Falcon e Érico Assis, respectivamente coordenadora do Programa Brasil em Quadrinhos e curador do seu catálogo. Luciana e Érico conversaram conosco sobre o que aconteceu naquela edição do Festival no episódio 54 do nosso LASERCAST.

Mais uma vez o Brasil se destaca também entre os 46 finalistas do Prix de la Bande Dessinée Alternative com cinco publicações: a antologia Café Espacial nº21, capitaneada por Sergio Chaves e Lídia Basoli, em sua décima primeira indicação a este prêmio; a revista Maria Magazine nº16, com tiras de Henrique Magalhães, Alberto Pessoa e Edgard Guimarães; a nova HQ da série Orixás - O Monstro do Vale, com roteiros de Alex Mir e arte de Laudo Ferreira, Marcel Bartholo e Bruno Brunelli; o volume 2 de Não Tema, Isso é Coisa de Mulher, antologia de Roberta Cirne, Bianca Mol, Eliane Bonadio, Fabiana Signorini, Flávia Gasi, Lígia Zanella, Luiza Lemos, Mari Santtos e Renata CB Lzz; e OPART: Out of Place Artifacts, antologia organizada por Mari Rolin e Rodrigo Ortiz Vinholo com trabalhos de quadrinistas do Brasil e da Irlanda, incluindo Colin O'Mahoney, Luiza Nasser, Coireall Carroll Kent, Emmet O’Brien, Mari Santtos, Camila Suzuki, Nene Lonergan, SC Ormond, Roberta Cirne e Pedro Hutsch Balboni.

Para ir entrando no clima, recomendamos os onze episódios da cobertura Raio Laser + Eurocomics da edição de 2022, recheados de entrevistas (Albert Monteys, Serge Ewenczyk, Marcello Quintanilha e Paulo Monteiro, entre outros) e visitas à exposições (Chris Ware, Shigeru Mizuki, René Goscinny, Christophe Blain e François Boucq), bem como os textos de Ciro I. Marcondes e de Bruno Porto, e suas dicas de leituras. Produzimos também episódios do LASERCAST focando as publicações brasileiras que estavam concorrendo ao Prix de la Bande Dessinée Alternative daquele ano, e fazendo um apanhado do que aconteceu lá.

Vale a pena conferir ainda os vinte episódios que Bruno fez do Festival de Angoulême 2020 para o Eurocomics, bem como ler os textos que ele publicou na Raio Laser sobre a exposição de capas de Jean Frisano para HQs estadunidenses publicadas na França, e sua entrevista com o quadrinista Derf Backderf, realizadas naquela edição do Festival. (BP)