LASERCAST #68 QUASE QUADRINHOS

O que é, o que é, que parece quadrinho, mas não é?

Em seu episódio #68, o Lasercast traz uma visão sobre obras que podem (ou querem) ser confundidas com Histórias em Quadrinhos… mas não o são! Algumas, aliás, por pouco, por bem pouco… Em meio a proto-quadrinhos e HQs inacabadas, entraram na roda principalmente livros ilustrados em que a imagem não está, conceitual ou formalmente, submissa à palavra escrita — muito pelo contrário, aliás!

Entre os principais títulos discutidos pelos raiúcas estão: Drácula (Globo, 2010), de Luis Scafati com tradução de Oliveira Lima; João e Maria (Intrínseca, 2015), de Lorenzo Mattotti e Neil Gaiman, com tradução de Augusto Calil; Sigmund Freud (Nova Fronteira, 2022), de Ralph Steadman com tradução de Paulo e Daniel Schiller; The Best of Punch Cartoons (Prior, 2012), editado por Helen Walasek; e Tintim e a Alfa-Arte (Cia das Letras, 2008), de Hergé com tradução de Eduardo Brandão. (BP)

Abaixo, imagens não apenas das obras acima como de outras mencionadas ao longo do episódio.

REPRODUÇÃO DE GRAVURAS DA SÉRIE TWELVE LARGE ILLUSTRATIONS FOR SAMUEL BUTLER'S HUDIBRAS, DE WILLIAM HOGARTH (1697-1764), SOBRE A MESA DE CIRO INÁCIO MARCONDES.

DESVENDANDO OS QUADRINHOS (MBOOKS, 2004), DE SCOTT MCCLOUD COM TRADUÇÃO DE HELCIO DE CARVALHO E MARISA DO NASCIMENTO PARO; O SISTEMA DOS QUADRINHOS (MARSUPIAL, 2015), DE THIERRY GROENSTEEN COM TRADUÇÃO DE ÉRICO ASSIS; THE SCIENCE OF STORYTELLING (HARRY N. ABRAMS, 2021), DE WILL STORR.

Sigmund Freud (Nova Fronteira, 2022)

“Nas páginas de Sigmundo Freud, palavra e imagem se auto interferem e se complementam compartilhando o layout em pé de igualdade. Muitas vezes, o emaranhado de canetadas selvagens de Steadman guardam representações visuais de conceitos freudianos da psicanálise que não estão citados no texto, como um lado selvagem e subconsciente que não se entrega ao superego das letras. Um texto hermético que não está lá apenas pra ilustrar o escrito, mas caminha junto dele.” (Lima Neto)

“O livro busca fazer um levantamento dos momentos mais significativos da vida de Freud a partir do texto Os Chistes e suas Relações com o Subconsciente. Steadman constroi um tratado em imagem e texto sobre o humor e seu papel na saúde psíquica do ser humano, Mas aponta também para o papel do humor gráfico nisso tudo, seus limites e potencialidades.” (Lima Neto)

Drácula (Globo, 2010)

Drácula, do argentino Luis Scafati, é uma narrativa ilustrada onde as imagens predominam sobre o — argutamente enxuto — texto, estabelecendo uma atmosfera de terror que honra (e, eventualmente, supera) o romance original de Bram Stocker.” (Márcio Jr)

DRÁCULA - UMA SINFONIA DE PESADELOS AO LUAR, DE JON J. MUTH COM TRADUÇÃO DE JOTAPÊ MARTINS, PUBLICADA PELA ABRIL EM 1990 COMO GRAPHIC ALBUM N°1. ORIGINALMENTE PUBLICADA PELA MARVEL EM 1987 COMO DRACULA: A SYMPHONY IN MOONLIGHT AND NIGHTMARES.

João e Maria (Intrínseca, 2015),

“Tradicionalmente, as imagens seguem o roteiro definido pelo escritor, mas desta vez foi o contrário: Neil Gaiman escreveu sua versão sobre a clássica fábula dos irmãos Grimm a partir das pranchas originais de Lorenzo Mattotti, preparadas para uma exposição em Nova York.” (Marcão Maciel)

Vale conferir esse vídeo em que o italiano Lorenzo Mattotti fala sobre o processo de produção das ilustrações de João e Maria. Já o catálogo da exposição Attraper la course: L'Art de Courir de Lorenzo Mattotti mencionado no episódio está resenhado aqui.

Tintim e a Alfa-Arte (Cia das Letras, 2008

“Apesar de formalmente constar como o 24º álbum da coleção As Aventuras de Tintim, o póstumo Tintim e a Alfa-Arte não apresenta uma HQ, mas um compilado dos rascunhos de roteiro e desenhos de Hergé, que morreu em 1983 antes de completá-la.” (Bruno Porto)

PRIMEIRA EDIÇÃO DE TINTIM E A ALFA-ARTE, DE 1986, COMPOSTA POR UM LIVRO REUNINDO ANOTAÇÕES PARA O ROTEIRO E UM BLOCO COM O QUE EXISTIA DOS DESENHOS: TRÊS PÁGINAS À LÁPIS E 42 DE RASCUNHOS.

Tintim e a Alfa-Arte não é mais HQ do que as adaptações dos três longa-metragens produzidos em 1961, 1964 e 2011, publicadas em álbuns de texto ilustrados com stills dos filmes.” (Bruno Porto)

EMBORA SEJAM HQS, AS QUADRINIZAÇÕES DOS LONGA-METRAGENS EM ANIMAÇÃO O TEMPLO DO SOL (1969) E O LAGO DOS TUBARÕES (1972) NÃO SÃO CONSIDERADAS CANÔNICAS POR NÃO TEREM SIDO ESCRITAS POR HERGÉ.

The Best of Punch Cartoons (Prior, 2012)

MAX UND MORITZ (1865), DE WILHELM BUSCH.

“Os cartoons ingleses do século XIX presentes em The Best of Punch Cartoons representam bem o tipo de cultura impressa visual que está muito próxima à cultura de publicações que gerariam os primeiros quadrinhos modernos. Contendo às vezes múltiplos quadros e narrativa, em alguns casos é impossível diferenciá-los de uma HQ, o que nos dá indício de que, se não podemos pensar necessariamente em uma continuidade direta com a fundação de um processo de industrialização dos quadrinhos, podemos sim imaginar que são culturas que se tocam e interinfluenciam.” Ciro Inácio Marcondes

THE MYSTERIES (ANDREWS MCMEEL PUBLISHING, 2023), DE BILL WATTERSON E JOHN KASCHT.

Participam deste Lasercast: Ciro Inácio Marcondes, Lima Neto, Marcão Maciel, Márcio Júnior e Bruno Porto

Edição: Eder Freire

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