LASERCAST #19 - Reinventando Popeye

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Revelamos os bastidores da recente releitura de um dos grandes ícones da cultura pop do século 20 surgidos nas HQs. Conversamos com o quadrinista e ilustrador Marcelo Lelis, co-autor com o francês Antoine Ozanam de "Popeye: Um homem ao mar", e com o historiador e pesquisador Márcio Rodrigues, que está traduzindo a obra para ser lançada no Brasil.

Participam do debate: Raimundo Lima Neto, Bruno Porto, Marcos Maciel de Almeida e os convidados especiais Marcelo Lelis e Márcio Rodrigues.

Edição: Eder Freire e Gustavo Trevisolli.

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

Popeye é um dos grandes personagens da cultura pop do século 20 oriundos das histórias em quadrinhos. Apontado por Jerry Siegel e Joe Shuster como uma das inspirações para a criação do Superman - ao lado de Tarzan, Zorro e o Robin Hood de Douglas Fairbanks - o caricato marinheiro foge do arquétipo do herói jovem, bonito e mesmo inteligente, mas fica com a mocinha no final e gera lucros anuais nas faixa de 2,2 bilhões de dólares. Estreou em 1929 como coadjuvante do Thimble Theatre, tira cômica criada por E.C. Segar (1894-1938) dez anos antes, mas logo tornou-se seu protagonista, dominado até o título da série. Apesar de nunca ter deixado as HQs - seja como tiras nos jornais, revistas em quadrinhos, ou em compilações de ambas em formato de álbum - sua personalidade foi construída e assimilada pelo imaginário popular por permear diversas outras mídias em suas nove décadas de existência, inclusive no Brasil.

Entre 1933-1957, estrelou mais de 230 curtas animados da Paramount Pictures, com subsequentes séries de animação produzidas pela King Features Syndicate (220 episódios nos anos 1960) e Hanna-Barbera (cerca de 80 episódios nas décadas de 1970-1980). Entre 1977-2012 foi o garoto propaganda da rede de lanchonetes Popeyes, especializada em frango frito e gastronomia do sul estadunidense e, a partir dos anos 1980, também passou a ser encontrado nas plataformas da Atari, Nintendo e outras empresas de games. Em 1980, o personagem foi adaptado pelo diretor Robert Altman em um controverso longa-metragem com o ator Robin Williams no papel principal, que já foi discutido no episódio #12 do Lasercast. 

Popeye também se mostrou um fenômeno transmidiático no Brasil, onde começou a ser publicado em 1932 - inicialmente no Diário de Notícias e, a partir de 1935, no Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen. No nosso imprevisível país, foi incorporado por Monteiro Lobato às aventuras do Sítio do Picapau Amarelo no livro Memórias da Emília (1936), consagrado como mascote do Clube de Regatas do Flamengo pelo chargista argentino Lorenzo Molas, a partir de 1944, e virou marchinha de carnaval, em 1945, de autoria de Jorge Veiga. E isso sem contar que no curta W'ere on Our Way to Rio (1944), visita o mesmo Rio de Janeiro estilizado que servira como cenário, dois anos antes, para Zé Carioca recepcionar o Pato Donald em “Alô Amigos” da Disney. Entre frutas e aves tropicais, ele e seu rival Brutus previsivelmente se apaixonam por uma Olivia Palito vestida de Carmen Miranda cantando Samba Lelê, de Carlos Galhardo. (BP)

Popeye no Brasil em 1944: na animação W'ere on Our Way to Rio, da Famous Studios, e no traço do chargista do Jornal dos Sports, Lorenzo Molas, como mascote do Clube de Regatas do Flamengo. Na ilustração - do acervo do designer e professor Flávio Pes…

Popeye no Brasil em 1944: na animação W'ere on Our Way to Rio, da Famous Studios, e no traço do chargista do Jornal dos Sports, Lorenzo Molas, como mascote do Clube de Regatas do Flamengo. Na ilustração - do acervo do designer e professor Flávio Pessoa - também estão retratados os mascotes dos outros times cariocas de futebol com tradição náutica, o Almirante (Club de Regatas Vasco da Gama) e o Pato Donald (Botafogo de Futebol e Regatas).

Em domínio público nos países europeus há cerca de uma década, o nonagenário marinheiro passou por uma releitura afetiva do roteirista francês Antoine Ozanam e do desenhista mineiro Marcelo Lelis na graphic novel Popeye: Um homem ao mar, publicada na França pela editora Michel Lafon em 2019, e atualmente em campanha de financiamento coletivo pelo Catarse para sair no Brasil, pela Skript, este ano. Neste 19º episódio do Lasercast, conversamos com Lelis - que já foi entrevistado pela Raio Laser em 2011 e resenhado em 2016 e 2018 - e com o tradutor da obra para o Brasil, o historiador, professor e pesquisador de quadrinhos Márcio Rodrigues, sobre o processo de realização da HQ e as responsabilidades envolvidas nisso.

Popeyes Brasileiros: Imagem de Lelis para a edição original francesa (Michel Lafon, 2019) e a capa variante da revista Popeye #29 (IDW, 2013) do ilustrador paulista Daniel Bueno.

Popeyes Brasileiros: Imagem de Lelis para a edição original francesa (Michel Lafon, 2019) e a capa variante da revista Popeye #29 (IDW, 2013) do ilustrador paulista Daniel Bueno.