Os 11 personagens mais sem graça da história dos comics
/por Marcos Maciel de Almeida
“Eu desaprovo a sua existência” é uma frase clássica do filme Wyatt Earp, de 1994. Faz referência a um dos personagens do filme, mas poderia muito bem remeter a inúmeros personagens que parecem ter nascido só para testar a paciência dos leitores. Tudo bem que errar acontece. Mas para cada Batman e Homem-Aranha tivemos de suportar muitos outros heróis, vilões e grupos que simplesmente não disseram a que vieram. Origens ridículas, poderes meia boca, altas doses de canastrice ou a boa e velha falta de criatividade legaram o rol da desonra para diversos superseres da Marvel e da DC.
Não que eu não goste de personagens esquecidos e do tipo lado “Z”. Quem me conhece sabe que tenho carinho especial por bizarrices como Valete de Copas, Cavaleiro da Lua e Liga da Justiça Europa. O problema é que os personagens relacionados a seguir não provocaram nenhuma cumplicidade em meu coraçãozinho. Sabe aquela máxima do “é tão ruim que é bom”? Nem isso eles conseguiram. São apenas ruins. Quem são eles? Bem, segue a lista, com ordem crescente de desprezo.
11º lugar: Os Defensores (Marvel)
O grupo original dos Defensores era muito bacana. Ou pelo menos era um zilhão de anos atrás, quando os li pela última vez. Hulk, Dr. Estranho, Namor e Surfista Prateado tinham o charme de ser uma “não equipe”, ou seja, um grupo que se odiava, mas era obrigado pelas circunstâncias a atuar conjuntamente. Como essa era uma premissa difícil de manter, a coisa foi degringolando. Começou a entrar uma galera que simplesmente não tinha nada a ver e as aventuras viraram coisa de dar pena.
Você já foi um super-herói perdedor da Marvel nos anos 80? Então certamente já fez parte dos Defensores. Não é mesmo, Homem de Gelo, Anjo, Fera, Serpente da Lua, Nuvem... Até o Gárgula, uma espécie de Etrigan da Marvel, integrou o grupo, num dos piores line-ups já criados. É tão bizarro que deu até uma vontade de correr atrás dos números atrasados... hehehe.
10º lugar: Zatanna (DC)
Zatanna ou Chatanna? Admito que fico com a segunda opção. Eta personagenzinho sem graça... A começar pelo “uniforme”, que é a vestimenta de qualquer mágico mequetrefe de circo do interior. E os poderes? Adivinha? Fazer mágica, daquelas bem chinfrins. Lembro que uma vez li um texto do Stan Lee em que ele dizia que, ao criar o Dr. Estranho, teve a preocupação de usar frases de efeito no momento dos feitiços. Daí surgiram coisas maneiras como invocar o Olho de Agamotto e convocar os Sete Anéis de Raggadorr. Tudo isso para evitar o fuleiro “Abracadabra”. Mas os criadores da Zatanna não estavam nem aí. Para a heroína, basta dizer as palavras ao contrário para que a mágica aconteça. Resumir a personagem em uma palavra? GNIROB!
9º lugar: Carnificina - Cletus Kasady (Marvel)
O Venom original era legal. Era um vilão que funcionava como uma espécie de Homem-Aranha do mundo bizarro. O problema foi que ele fez sucesso demais e aí teve de virar herói, para ganhar um gibi próprio, coisa e tal. E aí os editores certamente pensaram: “Bem, já que esse conceito dos simbiontes é bastante popular, porque não chupar a manga até o caroço? Que tal pegarmos a raspa do tacho de um simbionte que tinha ficado esquecido num canto e misturar com o sangue de um psicopata para termos mais um vilão tipo Venom?” Dessa mistura gosmenta e indesejável surgiu o Carnificina. Daí em diante a coisa – acredite – conseguiu piorar ainda mais. Surgiram coisas nefastas como o Anti-Venom e o Anti-Carnificina e outras coisas de deixar qualquer um de cabelos em pé. Felizmente eu já tinha pulado fora desse barco fazia tempo.
8º lugar: Apocalypse (DC)
Uma história pavorosa que vendeu 6 milhões de cópias nos EUA nos fez conhecer esse arremedo de personagem, o taciturno Apocalypse. Com o perdão da paráfrase da música da Legião Urbana, Apocalypse não é do tipo “fala demais por não ter nada a dizer”, mas sim “não fala nada por não conseguir dizer algo que valha a pena”. Sinceramente não consegui entender a comoção por causa da tal “morte” do Superman. Todo mundo sabia que o Azulão voltaria. Mesmo assim houve frenesi e desespero na tentativa de garantir cópias dessa historiazinha mixuruca. Mas o fato inevitável é que o Apocalypse acabou mesmo dando o ar de sua desgraça. Além de ter se tornado pedra fundamental do Universo DC, ele protagonizou aquele filme horrendo – Batman vs Superman (2016) – do Zack Snyder, diretor que conseguiu a proeza de transformar um filme “só de porrada” em algo maçante.
7º lugar: Madre Superiora - Synthia Schmidt (Marvel)
Ainda criança, Synthia foi artificialmente envelhecida por seu pai num processo que a dotou com superpoderes como telepatia e telecinese. Ela tornou-se, então, a vilã conhecida como Madre Superiora. Ela é filha do Caveira Vermelha. Ele se ressente de ela ter nascido mulher. E os leitores se ressentem do fato de ela ter nascido. Simples assim. Diferentemente do nosso oitavo colocado, essa vilã aqui fala pelos cotovelos, o que, por um lado, pode gerar efeitos positivos, visto que qualquer pessoa acometida pelo mal da insônia que alguma vez escutar os monólogos de Synthia Schmidt automaticamente adormecerá num sono restaurador e profundo. Depois de várias derrotas nas mãos do Capitão América, Synthia foi rejuvenescida e se tornou outra vilã, a Irmã Pecado. Mas aí ninguém mais se importava.
6º lugar: Psylocke – Betsy Braddock (Marvel)
Quando era somente a irmã do Capitão Britânia, ela era uma personagem bacaninha. Fazendo o estilo da dócil namoradinha da Inglaterra, Betsy Braddock não precisou de seus poderes mentais para conquistar toda uma legião de fãs. O caldo entornou quando transmigraram seu cérebro para o corpo de uma ninja hardcore adepta de trajes com abertura traseira do tipo “asa delta”. Foi a morte da personagem, pelo menos em sua concepção original. Claro que uma nova geração de fãs babões adorou a novidade, especialmente quando o Jim Lee começou a desenhar os X-Men, colocando a personagem em poses para lá de provocantes. Assim, Psylocke virou figurinha fácil nos inacreditáveis Swimsuit Specials da Marvel, edições em que as poderosas poderosas e as poderosas popozudas da editora apareciam em trajes de banho na cachoeira e onde mais desse na telha. Surreal. Até o momento em que parei de ler parece que tinham descoberto que o cérebro da ninja fodona tinha ido parar no corpo da Betsy ou algo do tipo. Ou era tudo mentira. Sei lá. Hoje nem sei o que foi feito da coitada da Psylocke, mas tenho forte suspeitas de que seu cérebro tenha sido colocado, por engano, na cabeça de um orangotango da Malásia Meridional. Força, querida.
5º lugar: Superboy – Conner Kent (DC)
Superboy... O conceito em si já é sacal. Confesso que sempre desgostei dos parceiros mirins – todos muito certinhos e baba ovos – dos heróis. A coisa só ficou boa quando o drogadicto do Ricardito começou a aprontar no gibi do Lanterna/Arqueiro Verde, mas isso é outra história. O fato é que tudo estava muito bem e o Superboy havia sido riscado do mapa (Obrigado, Byrne!), quando alguém (Dan Jurgens e Karl Kesel) teve a brilhante ideia de recriá-lo no meio da enxurrada de lixo trazida durante os eventos resultantes da “morte” do Superman.
A coisa já começou mal quando o herói apareceu de calça colada, brinquinho e jaqueta, querendo pagar de descolado e tentando angariar fãs no meio da juventude “antenada”. Bem, como desgraça pouca é bobagem, o personagem foi “evoluindo” para seu visual final, com a cabeça raspada, camisa do tipo “mamãe to forte” e – tô falando sério – calça jeans! Estava lançado o visual “cospobre” do Superboy.
Superboy "antenado"
Superboy "mamãe sou fortinho"
4º lugar: Legião dos Super-Heróis (DC)
Achei que já os tinha malhado suficientemente aqui, mas não consigo deixar de falar mal deles. Nunca me conformarei com o fato de que a LSH tem entre suas fileiras personagens com nomes do tipo Matter-Eater Lad (Digestor) e Moça Tríplice. Além disso, conta com um bando de adolescentes que têm como objetivo de vida tornar-se o Superboy. É nesse momento que me pergunto: o que estamos fazendo com nossas crianças, Senhor?
3º lugar: Justiceiro – Frank Castle (Marvel)
Talvez esteja cometendo uma injustiça ao colocar o velho Frank aqui, já que o personagem viveu momentos memoráveis nas mãos de gente como Garth Ennis e Chuck Dixon. Suas participações no Demolidor de Frank Miller também são muito boas. Caso você não saiba, caríssimo leitor, desde que surgiu, o Justiceiro vem travando sua luta solitária contra os criminosos, atuando como juiz, júri e executor. O problema é que o personagem parece estagnado. Essa rotina da matança indiscriminada de bandidos já cansou. O Justiceiro é tão repetitivo que parece funcionar apenas como personagem coadjuvante. Prova disso é que – até hoje – lhe falta um elenco de apoio e inimigos minimamente interessantes. Perdão pela comparação grosseira, mas o Justiceiro é o Pikachu da Marvel. É o Pokemon que se recusa a evoluir.
2º lugar: Sentinela – Robert Reynolds (Marvel)
A tentativa da Marvel de ter um Superman para chamar de seu falhou fragorosamente. Apesar de todo o estardalhaço envolvendo o lançamento do personagem, que envolveu sua inserção retroativa na cronologia, o fato é que o loirão não vingou. Poderes repetitivos - genéricos como os de qualquer herói que envergue um “S” no peito - aliados a uma incrível falta de carisma fizeram com que o personagem fosse relegado ao limbo da insignificância na história das HQs. Outra barreira entre o Sentinela e a relevância foi, sem dúvidas, o excesso de poder que ele carrega em seu corpo. Super-heróis muito poderosos precisam de desafios muito criativos para torná-los interessantes. Em outras palavras, o personagem tem que suar a camisa para tornar-se minimamente atrativo. Não foi assim com o Sentinela. Suas aventuras sempre foram tão emocionantes quanto uma ida à padaria.
1º lugar: Lanterna Verde – Hal Jordan (DC)
Maior Lanterna Verde de todos os tempos? Nem de longe. Pelas minhas contas ele mereceria estar entre os vinte melhores e já estaria bom demais. Por quê? Bem, Hal Jordan é a epítome do personagem sem sal. É o verdadeiro picolé de chuchu dos quadrinhos. Só mesmo aquela sua namoradinha Carol Ferris (Safira Estrela) para cair no papo do velho Hal. Coitado do Abin Sur. Devia realmente estar bem ferrado quando o escolheu para ser o Lanterna do Setor 2814. Francamente. Hal revelou-se um Lanterna sem nenhuma criatividade, usando seus poderes apenas para criar luvas de boxe e redes de pesca. Outros Lanternas revelaram-se pessoas de muito mais fibra e engenhosidade do que ele. Kyle Rayner – esse sim o maior Lanterna ever – foi capaz de explorar melhor as potencialidades do anel. Guy Gardner, o Lanterna do uniforme cool, é um personagem muito mais interessante, com diversas facetas a serem exploradas. E o John Stewart? Bem, ele é mano. Nuff’ said.
Uma das coisas mais difíceis de engolir em relação ao Jordan é sua suposta capacidade de conseguir belas mulheres. Mas bem – você poderia argumentar -, quais delas não ficariam caidinhas por um piloto de caça? O problema é que o tempo do Jordan já passou. Suas cãs revelam que ele não passa de um tiozão que ainda insiste em estar na pista. Sabem quem ele me lembra? Esses atores sessentões/canastrões da Globo – tipo Antônio Fagundes – que ainda pagam de galãs, mesmo já tendo netos e bisnetos na vida real. E nas novelas as novinhas sempre ficam – inexplicavelmente – caidinhas por esses caras. Hora de dar uma renovada, Globo. Hora de dar uma recauchutada, DC. O Jordan já era. Já não dá mais para esconder a barriga de chopp.