Encontro com Deus: tempo, espaço, vida e morte, elementos intercambiáveis de um eterno retorno.
Ao retornar ao mundo real, Promethea hesita em dar a ele outro rumo, pois essa ideia seria apocalíptica nas mentes das pessoas. Sua realidade natal não é a imaginação – esta lhes foi tolhida, domesticada e modulada pela Ciência na Terra, tornado-as dependentes e negligentes. Apenas alguns eleitos detinham a responsabilidade heroica de zelar pelo mundo, embora eles o mantivessem sempre incólume, incapaz de mudar. A decisão de Promethea vem, então, sobrepujar todas essas coisas e alterar o status quo, mas isso estava longe de ser o fim dos tempos. O apocalipse é definido pela Bíblia como o momento em que o mundo passaria por mudanças profundas, com o triunfo do bem, ou iluminação, sobre o mal, ou ignorância, numa catarse universal e definitiva.
Esse evento, porém, não foi brusco ou traumático. Moore descreve o apocalipse de Promethea como uma conversa materna. Ao transmitir a seu leitor os conhecimentos herméticos e ocultos, seu entendimento o libertou, tanto pelo conforto quanto pelo incentivo. Conforto, na certeza de que a trilha para o conhecimento mais sublime está aberta a todos; incentivo, porque, ao seguir essa trilha, qualquer um pode ser o herói na busca pela felicidade.
Promethea, tal qual seu homônimo mitológico, democratizou o fogo antes reservado a privilegiados, trazendo à humanidade, enfim, ciência de suas responsabilidades. Nesse sentido, a narrativa de Moore passou a desempenhar a função de manual prático para a sabedoria, da qual o céu é literalmente o limite.