LASERCAST #69 MULTIVERSÕES
/O longa-metragem em animação Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) apresentou um conceito que, para alguns expectadores, poderia soar como novidade, mas que para leitores de quadrinhos (especialmente os de super-herói) é um recurso conhecido e há muito tempo utilizado: os universos paralelos. Neles são encontradas versões alternativas dos personagens e seus enredos, novidades essas que podem ser sutis ou radicais, pontuais ou mesmo institucionalizadas. Libertar um personagem ou uma franquia de amarras editoriais e cronológicas pode render HQs totalmente esquecíveis ou mesmo memoráveis. E é isso que o Lasercast, em sua edição de número 69, aborda numa conversa que, quem sabe, será a primeira de muitas sobre esse mesmo assunto, já que o tema rende pano para manga. Participam deste LC: Bruno Porto, Lima Neto, Marcos Maciel de Almeida e Pedro Brandt (que assina este texto).
A ideia dos integrantes da equipe Raio Laser para o episódio foi não apenas apresentar um panorama de multiversões, mas se debruçar em criações que não sejam, necessariamente, muito conhecidas. Um bom exemplo disso é o personagem belga Spirou, super popular em seu país de origem e quase anônimo no Brasil. Seus autores optaram por reinventá-lo de tempos em tempos, mantendo algo de sua essência, mas o adaptando para atingir novos públicos.
Algo parecido é o que vem sendo feito nas Graphic MSP, na qual cada edição tem algum nível de liberdade editorial para que autores convidados possam criar suas histórias com os personagens de Mauricio de Sousa. Leitores de Batman, por sua vez, talvez se lembrem de versões do homem morcego em aventuras no velho-oeste, na Londres de final do século 19 ou em um futuro cyberpunk.
Inicialmente, os personagens da consagrada minissérie Watchmen seriam antigos heróis da Charlton Comics, editora adquirida pela DC Comics. Acabou que a visão sombria elaborada para eles pelo roteirista Alan Moore precisou ser alterada e deu no que deu – ainda bem! Outro roteirista britânico chegado em criar novas versões para personagens é Grant Morrison, algo praticado por ele diversas vezes e, mais recentemente, em The Multiversity.
Na Marvel, o que dizer da linha Ultimate, que apresentou releituras de seus próprios personagens, em paralelo ao universo “canônico”? Foi ali, por exemplo, que surgiu Miles Morales, o Homem-Aranha que protagoniza o filme mencionado no primeiro parágrafo. Mais recentemente, a partir do momento em que caiu o direito autoral de determinadas franquias estado-unidenses na Europa, vemos cada vez mais e mais versões europeias de personagens clássicos dos EUA, caso de Conan e Popeye (que, aliás, tem uma bela versão ilustrada pelo desenhista mineiro Lelis).
Entre a paródia e a subversão, a revista Mad fez fama tirando sarro de franquias da cultura pop. Muitas vezes, criando histórias melhores do que as publicadas nas próprias revistas dos personagens “homenageados”. Algo como o gaúcho Diego Gerlach produziu em Nóia e Batata Quente, nas quais somos apresentados, respectivamente, a um Cebolinha “fora da casinha” e um Homem-Aranha ainda mais loser.
Lasercast #19 Reinventando Popeye, com Lelis e Márcio Rodrigues
https://www.raiolaser.net/home/lasercast-19-reinventando-popeye
- Batata-Quente (MMarte, 2022), de Diego Gerlach
https://www.mmarteproducoes.com/product-page/batata-quente-de-diego-gerlach
Participam deste Lasercast: Marcão Maciel, Pedro Brandt, Bruno Porto e Lima Neto
Edição: Eder Freire
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